segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A busca incessante da causa






Perdemo-nos nos "porquês" daquilo que nos acontece, situações ou emoções, como se virássemos costas à realidade do aqui e agora (dentro e fora de nós), procurando uma causa ou explicação num passado que já pouco nos pertence.


Esmiuçamos situações muitas vezes para nos depararmos com uma ausência de causalidade que nos aflige e deixa a sensação de que algo de errado se passa connosco.

E ao nos afundarmos nestes porquês, nesta busca que remoemos, deixamos de conseguir dar resposta ao que estamos a vivenciar interna e externamente no momento presente.

Poderá ser um truque da mente, altiva e dominadora, que se perde a cogitar reforçando a sua importância, ainda que cogitar não seja a ferramenta de que precisamos naquele momento. Como se fosse difícil aceitar o que estamos a sentir e pudessemos perguntar apenas - ' O que preciso ou quero fazer com isto que sinto aqui e agora?'.

E talvez seja com esta pergunta, mais assente e aceitante da realidade presente, que surja uma resposta mais adequada e que vá ao encontro da necessidade que subjaz à emoção que encontramos em nós.

É nesta aceitação da vivência do aqui e agora que reganho a autonomia para dar resposta ao que sinto.


Um abraço.

Catarina Satúrio

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

EMDR

Eye Movement Desensitization and Reprocessing

Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares

 


Trata-se de um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais.
É um processo semelhante ao que se passa quando sonhamos (a chamada fase REM do sono), durante o qual os movimentos oculares rápidos facilitam o processamento do material inconsciente.

Direccionada para situações de trauma com forte componente ansiosa , esta técnica tem-se mostrado muito útil na resolução de trauma e de comportamentos baseados na ansiedade incluindo pensamentos intrusivos, fobias, dor crónica, perturbações emocionais incluindo culpa, raiva, luto, e medos, pesadelos recorrentes e sintomas tais como o evitamento de actividades anteriormente sentidas como agradáveis.

Quando existem vivências demasiado perturbadoras, o cérebro pode não conseguir processar a informação normalmente, congelando o momento no hemisfério direito do cérebro, onde predominam as emoções, não permitindo uma conexão com o hemisfério esquerdo responsável pela lógica e racionalidade. Tal divisão dificulta que uma sincronia entre razão, emoção e ação, afetando como são processadas as experiências de vida de uma pessoa.

Desta forma, recordar eventos traumáticos, ou sons, cheiros, sentimentos ou emoções a ele associados (denominados gatilhos), pode ser tão perturbador como vivê-los pela primeira vez.

Estas memórias congeladas e não processadas criam e mantêm um efeito negativo na maneira como o paciente vê o mundo e se relaciona com as outras pessoas e situações na sua vida.

O EMDR tem um efeito directo na forma como o cérebro funciona. Trabalha-se em sessão a reposição do processamento da informação para que a percepção psicosensorial não se manifeste com a mesma carga emocional quando o acontecimento traumático ou os gatilhos é trazido à mente.

As memórias ainda são recordadas mas o efeito perturbador desaparece.

Durante a sessão, o terapeuta EMDR trabalha com o paciente para identificar um problema específico que será o ponto focal a trabalhar na sessão de tratamento. O paciente activa o acontecimento ou situação traumática com as diferentes características sensoriais do mesmo, em simultâneo com a sua percepção actual sobre esse acontecimento.

O terapeuta facilita a estimulação fisiológica bilateral do cérebro, enquanto o cliente reactiva a memória traumática, sem nenhum esforço para controlar a direcção ou conteúdo do material recolhido.

Os períodos de estimulação bilateral continuam até que a memória fique menos perturbadora, e seja associada com pensamentos e crenças positivas acerca de si mesmo. Durante uma sessão EMDR o cliente pode experimentar emoções intensas sendo que no final verifica-se uma diminuição ou desaparecimento da carga emocional associada à vivência trabalhada em sessão.

Quando o terapeuta pede ao cliente para pensar em alguma situação disfuncional e inicia a estimulação bilateral, que tanto pode ser ocular como táctil ou auditiva, o cérebro desencadeia o mecanismo de processamento de informação, activa a rede neuronal onde ficou o registo traumático bloqueado, e através da interacção com outras redes neurológicas, este é processado de forma adaptativa.

Durante o processo é também libertada a carga emocional associada à situação.